Autor analisa a biografia de grandes personalidades do Ocidente e do Oriente, em dois volumes editados pela STACCHINI
Engenheiro de minas pela Escola Politécnica da USP, em 1975, Franklin Chang formou-se analista junguiano pelo Instituto C. G. Jung de Zurique, em 1991. Depois de trabalhar com a dra. Nise da Silveira, na Casa das Palmeiras (Rio de Janeiro), dedicou-se, entre outras coisas, ao estudo da relação entre o processo de individuação e o chamado "espírito da época", o Zeitgeist, analisando a biografia de uma série de personalidades históricas que considera "heróis culturais", por terem promovido, em alguma medida, ajustes ou correções ao ambiente sociocultural em que viveram. O resultado são os oito artigos escritos ao longo de vinte anos de carreira, enquanto atuava como terapeuta e professor universitário, que agora estão reunidos nos dois volumes de Individuação e Zeitgeist, da STACCHINI Editorial.
O livro tem lançamento previsto para o dia 28 de maio próximo, no Espaço Luz, em São Paulo, e é o primeiro de autoria própria do professor, que já teve artigos publicados em revistas diversas e livros como Memórias do saber, de Nise da Silveira, trabalho coordenado por José Otávio Mota Pompeu e Silva.
Apesar do rigor com que Franklin fundamenta seu discurso, ancorando-o em citações de autores diversos, tais como C. G. Jung, Marie-Louise Von Franz e Friedrich Nietzsche, o autor optou por não seguir um "formato acadêmico", conferindo ao texto fluência e leveza capazes de cativar não só os especialistas em psicologia junguiana, mas também os diletantes, interessados em biografias, história, literatura, cinema e em temas como ecologia, alquimia, budismo, taoismo, hinduísmo etc.
No primeiro volume, o leitor encontra cinco artigos sobre seis personagens históricos que viveram entre a Antiguidade e a era Moderna: o lendário conquistador Alexandre, o Grande (356 a.C.-323 a.C.), o alquimista chinês Ko Hung (c. 283-c. 343), o budista peregrino Hsuan Tsang (602-664), o encontro entre o monge taoista C'hang-C'hun (1148-1227) e o imperador mongol Gêngis Khan (c. 1155-1227) e o projeto evangelizador do padre jesuíta Ruiz de Montoya (1585-1652). Os artigos foram escritos tendo como base os relatos históricos de autores como Heródoto, Plutarco, Li Chi-cha'ng, René Grousset e Carlos Teschauer, entre outros, e analisam tanto a biografia desses personagens quanto o momento histórico em que viveram, em meio a relatos de sonhos e sicronicidades.
No segundo volume, Franklin analisa a vida e a obra de três autores nascidos no século 20: Yukio Mishima (1925-1970), um dos mais importantes escritores japoneses do pós-Segunda Guerra, Marguerite Yourcenar (1903-1987), a celebrada ativista e romancista francesa que se tornou a primeira mulher a ingressar na Academia Francesa de Letras, e o cineasta alemão Werner Herzog (1942-), diretor de clássicos como O enigma de Kaspar Hauser (1974) e Fitzcarraldo (1982).
Movido pelo mesmo espírito de transdisciplinaridade que identifica no currículo original proposto por Jung para seu Instituto, em Zurique, Franklin também aponta paralelos com o momento atual, assombrado pelo espectro do aquecimento global e da pandemia de coronavírus, alertando-nos para a necessidade de uma "mudança na relação do homem com o meio ambiente, com seus semelhantes e consigo mesmo", conforme escreve na apresentação de sua obra.
Individuação e Zeitgeist alcança, assim, um equilíbrio interessante entre o conhecimento do passado e a consciência do presente, e entre a compreensão do outro e a de nós mesmos. Trata-se de uma obra instigante e enriquecedora, que pode ser lida no todo ou em parte, na sequência proposta ou fora de ordem.
Os exemplares dos dois volumes de Individuação e Zeitgeist estarão disponíveis para venda no evento de lançamento, no Espaço Luz (Rua Fradique Coutinho, 1434, Vila Madalena, São Paulo), e na loja do site da STACCHINI Editorial.
Franklin Chang é engenheiro de minas, analista junguiano e professor de psicologia analítica na Unip, São Paulo. Formado pelo Instituto C. G. Jung de Zurique, em 1991, trabalhou na Casa das Palmeiras entre os anos de 1995 e 2001 e foi professor de pós-graduação em psicologia analítica nas universidades Veiga de Almeida e Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, e na Faculdade Maria Thereza (Famath), em Niterói.
Chang, estou lendo as últimas folhas do seu livro, que tratam da personalidade de Ruiz de Montoya. Li na ordem estabelecida por você, autor criterioso, pesquisador inconteste, que nos leva à reflexão sobre as culturas, o modus vivendi, no tempo e espaço, de cada povo, as personalidades abordadas, suas lutas, suas conquistas e suas relações com a transcendência. E mais, a leitura nos leva a pensar como sofremos a influência dessas culturas e as referências desde a Antiguidade a era Moderna. O livro é composto de aulas; é rico e poderoso no que concerne à mobilização do leitor. Parabéns pela substancialidade encontrada. Abraços, meu respeito e admiração.
Lucimeri V.P. Goulart