A questão do trauma ocupou papel central na descoberta do inconsciente desde os primórdios da psicanálise, pelas descobertas pioneiras de Freud e Breuer. Tema central e norteador das primeiras teorias do inconsciente por Freud, a teoria do trauma foi posteriormente abandonado em prol de uma visão mais simbólica do imaginário da histeria. Posteriormente o trauma em toda a sua magnitude concreta foi recuperado pelas teorias psicanalíticas e pela psicologia complexa de Jung. Foi percebida a importância central do trauma como experiência real e objetiva como evento psíquico desagregador, produtor dos mais variados sintomas. Donald Kalsched e outros se detiveram sobre os aspectos arquetípicos do trauma precoce e seus efeitos, sua incrível capacidade de ressoar por toda a vida adulta. Por todas essas questões esse livro sobre o Trauma na Clínica é muito bem-vindo. O trauma, atingindo camadas profundas da psique comporta uma complexidade de aspectos pessoais, coletivos, sociais, antropológicos que merece essa multiplicidade de olhares desse volume. Essa maneira de olhar é tipicamente junguiana, quando o pessoal, o coletivo e o social se imbricam numa rede de significantes. Para uma compreensão mais pertinente dessa natureza proteiforme da vivência traumática, o tipo de abordagem desse livro é o mais adequado.