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De Bello Gallico [1:19-20]

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Após tomar conhecimento de todos esses fatos, e posto que tais suspeitas levavam a conclusões muito claras – Dunorix havia permitido a passagem dos helvécios pelo território dos sequanos, promovendo a troca de reféns como garantia entre eles, e tudo isso sem o seu próprio consentimento, o da cidade e, até mesmo, sem o conhecimento dos heduos –, César acreditava haver motivos suficientes para puni-lo ou ordenar que a cidade o punisse. Havia apenas uma coisa que o impedia: o forte apoio de Diviciaco ao Povo Romano, sua alta consideração por César, além de sua notável lealdade, justiça e moderação. 


Diviciaco admitido no Senado Romano, em desenho de Frédéric Lix (1830-1897) (https://commons.wikimedia.org/).


César temia que qualquer ação contra Dunorix pudesse ofender Diviciaco. Por isso, antes de tomar qualquer atitude, ordenou que Diviciaco fosse chamado à sua presença. Em seguida, dispensou os intérpretes ordinários e conversou com ele por intermédio de Caio Valério Troucilho, um líder da Província da Gália, amigo íntimo seu, em quem depositava a maior confiança. Só então expôs o que havia sido dito sobre Dunorix na reunião dos gauleses e o que cada um havia falado sobre ele separadamente, na presença de César. Depois, encorajou Diviciaco a decidir sobre o caso, sem ofender os sentimentos de César, ou ordenar que a cidade assim o fizesse.


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Diviciaco, com lágrimas nos olhos, abraçou César e implorou que ele não tomasse nenhuma medida severa contra seu irmão. Afirmou saber que as acusações eram verdadeiras, mas disse que ninguém sofria mais com elas do que ele próprio, pois Dunorix havia se tornado proeminente graças a ele, embora fosse muito menos influente devido à sua juventude. Mesmo assim, o irmão utilizava a riqueza e os recursos que havia acumulado não apenas para diminuir a influência de Diviciaco, mas quase promover a sua ruína. Apesar disso, afirmou amar o irmão e preocupar-se com a opinião pública. Afinal, se César agisse com severidade contra Dunorix, ninguém acreditaria que fosse sem o seu próprio consentimento, por causa da forte amizade que mantinha com César, e isso faria com que toda a Gália se afastasse dele.


Após suplicar com muitas palavras e lágrimas, César segurou a mão de Diviciaco, consolou-o e pediu que ele encerrasse seu lamento. Expressou sua profunda gratidão por Diviciaco e disse que perdoaria tanto a injustiça pública quanto a dor pessoal, atendendo aos seus clamores.


César, então, convocou Dunorix a sua presença e de seu irmão. Mostrou-lhe tudo o que havia de errado nele e o que a cidade tinha a reclamar dele, e o aconselhou a evitar qualquer suspeita no futuro. Por fim, garantiu a Dunorix que perdoava tudo o que acontecera, mas nomeou guardas para acompanhá-lo, para que pudesse saber o que ele andava fazendo e com quem estava conversando.

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